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FUP e FNP definem ações conjuntas para campanha do ACT

 

 
Arte: FNP
 

Após a primeira contraproposta da Petrobrás, entidades discutem agenda de luta e calendário comum de assembleias de base

[Comunicado conjunto FUP e FNP]

Na terça-feira (12/09), as duas federações que representam a categoria petroleira estiveram reunidas com a gestão da Petrobrás para receber a primeira contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023-2024. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) na parte da manhã e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), na parte da tarde e à noite.

Como parte dos desdobramentos da reunião e também da deliberação dos congressos das duas entidades, que aprovaram a necessidade de ações unificadas na campanha do ACT, nesta quarta (13/09) pela manhã, dirigentes da FNP e da FUP se reuniram pela segunda vez para fazer uma avaliação comum da proposta e projetar os próximos passos da mobilização.

As duas federações aprovaram um calendário comum de assembleias, que ocorrerão entre 14 e 26 de setembro, além de um indicativo de assembleia permanente, ressalvando que essas comecem apenas quando as subsidiárias entregarem as suas contrapropostas oficialmente.

Entre os pontos consensuados, estão cobrar da Petrobrás uma cláusula de ultratividade no ACT deste ano e a inclusão da prorrogação da licença maternidade para as mães não gestantes já no termo de antecipação da reposição da inflação (4,61%/IPCA), a ser assinado até o dia 18/09.

As federações também deliberaram pela criação de uma comissão para discutir com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) a Resolução n° 42, buscando destravar os impedimentos de avanços no plano de saúde da categoria petroleira, a AMS.

A unificação das entidades é muito importante para evidenciar à categoria o interesse comum em avançar no Acordo Coletivo deste ano. Mas as conquistas somente serão possíveis se a categoria estiver organizada. E a maior prova de organização é a participação massiva de todos os petroleiros e petroleiras nas assembleias.

Vale salientar que com novo governo, a nova gestão da Petrobrás se comprometeu a não praticar represálias aos trabalhadores e trabalhadoras que participarem das assembleias do ACT. Não haverá mais a configuração de falta não justificada, mas sim de horas a serem compensadas num banco de horas, no limite de duas horas.

Portanto, vamos todos, petroleiros e petroleiras, participar massivamente das assembleias, conforme os indicativos conjuntos da FUP e da FNP.

 
Arte: FNP
 

Após a primeira contraproposta da Petrobrás, entidades discutem agenda de luta e calendário comum de assembleias de base

[Comunicado conjunto FUP e FNP]

Na terça-feira (12/09), as duas federações que representam a categoria petroleira estiveram reunidas com a gestão da Petrobrás para receber a primeira contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023-2024. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) na parte da manhã e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), na parte da tarde e à noite.

Como parte dos desdobramentos da reunião e também da deliberação dos congressos das duas entidades, que aprovaram a necessidade de ações unificadas na campanha do ACT, nesta quarta (13/09) pela manhã, dirigentes da FNP e da FUP se reuniram pela segunda vez para fazer uma avaliação comum da proposta e projetar os próximos passos da mobilização.

As duas federações aprovaram um calendário comum de assembleias, que ocorrerão entre 14 e 26 de setembro, além de um indicativo de assembleia permanente, ressalvando que essas comecem apenas quando as subsidiárias entregarem as suas contrapropostas oficialmente.

Entre os pontos consensuados, estão cobrar da Petrobrás uma cláusula de ultratividade no ACT deste ano e a inclusão da prorrogação da licença maternidade para as mães não gestantes já no termo de antecipação da reposição da inflação (4,61%/IPCA), a ser assinado até o dia 18/09.

As federações também deliberaram pela criação de uma comissão para discutir com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) a Resolução n° 42, buscando destravar os impedimentos de avanços no plano de saúde da categoria petroleira, a AMS.

A unificação das entidades é muito importante para evidenciar à categoria o interesse comum em avançar no Acordo Coletivo deste ano. Mas as conquistas somente serão possíveis se a categoria estiver organizada. E a maior prova de organização é a participação massiva de todos os petroleiros e petroleiras nas assembleias.

Vale salientar que com novo governo, a nova gestão da Petrobrás se comprometeu a não praticar represálias aos trabalhadores e trabalhadoras que participarem das assembleias do ACT. Não haverá mais a configuração de falta não justificada, mas sim de horas a serem compensadas num banco de horas, no limite de duas horas.

Portanto, vamos todos, petroleiros e petroleiras, participar massivamente das assembleias, conforme os indicativos conjuntos da FUP e da FNP.

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Aumento na produção e volume recorde nas exportações de petróleo fazem indústria extrativa crescer 8,2% no primeiro semestre

Alta produtividade dos campos do pré-sal e novos investimentos realizados pela Petrobrás impactaram positivamente o setor de óleo e gás, afirma assessor da FUP. As unidades de refino alcançaram em agosto o patamar de 97,3% de fator de utilização, o melhor resultado desde dezembro de 2014

[Da comunicação da FUP]

O setor de petróleo e gás natural, que representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial brasileiro, teve forte impacto no resultado da produção nacional no primeiro semestre deste ano. Neste período, a produção de óleo cresceu 9,7% e a de gás natural aumentou 7,4%, na comparação com igual semestre do ano passado.

Com isso, as atividades de óleo e gás foram o carro-chefe do crescimento de 8,2% das Indústrias Extrativas em janeiro/junho deste ano, destaca o economista Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do PIB, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Também as exportações de petróleo, com crescimento de 21,8% na comparação entre os dois semestres, contribuíram para o bom resultado do setor. Os volumes de petróleo exportados pelo Brasil atingiram o recorde de 1,47 milhão de barris por dia, em média, em janeiro/junho deste ano.

O país exportou 46% de todo o óleo que produziu, que foi de 3,226 milhões de barris diários, em média. A Petrobrás sozinha representou 39% (equivalente a 571 mil barris/dia, em média) do volume de petróleo comercializado no mercado internacional em janeiro/junho de 2023. O restante coube a outras petroleiras, nacionais e estrangeiras.

Cararine observa que o aumento na produção brasileira de petróleo deveu-se, principalmente, ao incremento da produtividade dos campos do pré-sal e à entrada em operação de novas plataformas no final do ano passado e no início deste ano, fruto dos investimentos realizados pela Petrobrás entre 2010 e 2013.

Ele destaca ainda a contribuição do aumento do Fator de Utilização Total (FUT) das refinarias ao desempenho da indústria extrativa. “O aumento da produção nas refinarias tem influência no PIB. No primeiro semestre do ano o crescimento do FUT foi ainda modesto, de apenas 0,03%, mas será bem maior no segundo semestre”, afirma.

O economista do Dieese lembra que a Petrobrás vem aumentando sua produção de combustíveis sucessivamente desde o início da nova gestão da empresa, no começo do ano. “As unidades de refino da Petrobrás alcançaram em agosto o patamar de 97,3% de fator de utilização, o melhor resultado desde dezembro de 2014”, frisa Cararine.

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Assembleias começam com rejeição unânime às contrapropostas da Petrobrás e subsidiárias

Durante a consulta à categoria, os sindicatos estão frisando a necessidade de engajamento com outras campanhas que dialogam diretamente com as lutas em disputa no ACT, como a eleição dos candidatos apoiados pela FUP e pela FNP para os Conselhos da Petros, que começa no dia 25 de setembro

[Da imprensa da FUP]

As trabalhadoras e os trabalhadores do Sistema Petrobrás iniciaram nesta segunda-feira, 18, as assembleias nas bases da FUP, rejeitando por unanimidade a primeira contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho apresentada pela empresa. O calendário, que foi definido conjuntamente com a FNP, prossegue até o dia 26.

Além da rejeição da contraproposta, os trabalhadores estão aprovando o indicativo de Estado de Assembleia Permanente.

As primeiras assembleias reforçaram a indignação da categoria diante de uma contraproposta que soa como provocação, já que não atende sequer as principais reivindicações que foram discutidas com a Petrobrás e subsidiárias nos diversos Grupos de Trabalho Paritários.

No Espírito Santo, as trabalhadoras e os trabalhadores do Edivit compareceram em massa à primeira assembleia desta segunda e foram unânimes na rejeição da contraproposta apresentada pela empresa. A consulta à categoria ocorreu logo após um evento especial de comemoração dos 15 anos da exploração do Pré-Sal, que contou com a presença do presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates.

O diretor da FUP e coordenador do Sindipetro ES, Nísio Hoffmann, ressaltou a importância da empresa voltar a valorizar as trabalhadoras e os trabalhadores com um Acordo Coletivo que reconstitua direitos e repare as perdas dos últimos anos.

 

Em Santa Catarina, os trabalhadores dos terminais da Transpetro de Biguaçu (Teguaçu) e de Itajaí (Tejaí) deram inicio às assembleias pela manhã com um sonoro não à provocação da empresa. Além da rejeição por unanimidade da contraproposta de ACT, eles também aprovaram o estado de assembleia permanente.

Também na manhã desta segunda, os 96 petroleiros do Grupo D da Reduc rejeitaram por unanimidade a contraproposta da Petrobrás e aprovaram o indicativo de estado de assembleia permanente.

Assembleia com Grupo D da Reduc. Foto: Sindipetro Caxias

Em Minas Gerais, a primeira assembleia foi na Usina Termelétrica de Ibirité (UTE-IBT). No Norte Fluminense, começaram no domingo (17) nas plataformas da Bacia de Campos e prosseguem até o dia 22. Na Bahia, os aposentados da base de Catu foram os primeiros a serem consultados, na manhã desta segunda.

Nas bases do Rio Grande do Sul, do Unificado de São Paulo, de Pernambuco e Paraíba, a consulta aos trabalhadores começa nesta terça, 19.

Durante as assembleias, os sindicatos estão discutindo com a categoria a necessidade de engajamento com outras campanhas que dialogam diretamente com as lutas em disputa no ACT, como a eleição dos candidatos apoiados pela FUP e pela FNP para os Conselhos da Petros (duplas 65 e 66 para o Conselho Deliberativo e dupla 51 para o Conselho Fiscal), que começa no dia 25 de setembro.

Outro ponto de debate com a categoria são as mobilizações pelos 70 anos da Petrobrás, no dia 03 de outubro, que têm por foco a reconstrução da empresa e a defesa da soberania nacional.

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Serviços de telecomunicações em Coari impede trabalhadores contato com familiares

O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) recebeu, neste domingo (23/07), denúncias sobre o sistema comunicacional do Terminal de Coari (a 363 quilômetros de Manaus), da Transpetro. 

 

De acordo com as denúncias recebidas pelo Sindipetro, o sistema de telecomunicações do terminal está sem funcionar durante o final de semana. O episódio acarretou danos pessoais para um dos trabalhadores, que devido a impossibilidade de comunicação com familiares, não ficou ciente do falecimento do seu pai. 

 

O Sindipetro-AM constantemente tem recebido denúncias sobre as falhas nas redes da empresa, resultado da venda dos dutos para a Engie, que desabilita os dutos, principalmente durante os finais de semana. Os problemas comunicacionais  em Coari foram debatidos durante a visita do atual presidente da Transpetro, Sérgio Baci, em maio. Na ocasião, Baci determinou a instalação de antena Starlink no terminal de Coari, que havia sido negada pela gestão local. 

 

Nota de pesar

A direção do Sindipetro-AM lamenta a morte de Antônio Carlos de Andrade, pai do trabalhador da Transpetro e associado do Sindipetro-AM, Antônio Carlos de Andrade Júnior. E estende as condolências aos familiares e amigos.

 
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Debates sobre desenvolvimento sustentável e acordo coletivo de trabalho encerram 39º Congresso Regional dos Petroleiros no AM

O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) encerrou, neste sábado (01/07), o 39o Congresso Regional dos Petroleiros. Com o tema: “Desenvolvimento Sustentável no setor petroleiro no Amazonas”, a categoria reafirmou o compromisso com práticas que sejam desenvolvidas no setor de energia, com a representação dos trabalhadores no Estado e também com os acordos coletivos de trabalho com as empresas públicas e privadas. 
 
O diretor do Sindipetro-AM Aldemir Caetano ministrou a palestra “Análise de Conjuntura Nacional e Internacional”, que resgatou  os principais fatos do setor petrolífero internacional e nacional que impactam a população brasileira e os pontos de ataque da Petrobrás e seus trabalhadores, entre eles: privatizações, venda dos ativos, redução de produção e demissão de dirigentes sindicais. 
 
O debate sobre desenvolvimento sustentável no Amazonas iniciou com a palestra ministrada pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Santos, que destacou a transição energética, potencialidades do Amazonas e possibilidade de fazer exploração no setor de forma sustentável no Amazonas. 
 
Os lucros, produções das refinarias, dividendos e pontos do Acordo Coletivo de Trabalho da Petrobrás foram os pontos da palestra do analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e assessor da FUP, Cloviomar Cararine. O debate também foi prolongado para o debate da instabilidade dos preços dos combustíveis no Amazonas. 
 
“O preço dificilmente vai cair por causa dessa instabilidade. Existem cinco agentes até chegar na bomba pro consumidor e agora é muito mais fácil um desses agentes lucrar muito. A privatização é um desastre e a população vai sofrer muito”, destaca Cloviomar. 
 
Após a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), o Sindipetro-AM passou a lutar a favor dos trabalhadores que atuam na refinaria privada. E para garantir o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), o sindicato inicia debates novos relacionados a pautas de empresas privadas. 
 
Durante o evento, a categoria petroleira também aprovou novas resoluções e elegeu os delegados para o XIX Congresso Nacional da FUP (Confup). 
 
Alteração do estatuto
Durante o congresso, a categoria petroleira amazonense também aprovou a alteração estatutária do Sindipetro-AM. Para registrar o novo estatuto, dentro da atual realidade dos petroleiros do Amazonas, junto ao Ministério do Trabalho, o Sindipetro apresentou os novos pontos sobre a representação sindical da categoria no Estado. 
 
O secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais do Sindipetro-AM, Wallace Byll, resgatou historicamente as alterações realizadas no estatuto do sindicato devido aos avanços da indústria do petróleo no Amazonas. 
 
“Não tem mudança estrutural no estatuto, que em muito construímos em 1994, modificamos em 2001, para representar novos trabalhadores. Quando o Sindipetro foi fundado, representavam apenas a Reman, porque não existia o Urucu, as alterações são feitas para que possamos representar cada vez mais trabalhadores”, destacou. 
 
XIX Confup
Com o tema “Energia para renovar”, o XIX  Confup ocorre entre os dias 03 e 06 de agosto, no Instituto Cajamar, região metropolitana de São Paulo. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), cerca de 300 trabalhadores estão previstos para participarem do congresso. E conforme definido no Conselho Deliberativo da FUP, 60% do público irá participar do evento virtualmente.
 
O confup é o evento da organização sindical dos petroleiros das bases filiadas a FUP, onde ocorre democraticamente as pautas de reivindicações e calendários de luta.
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De norte a sul, categoria petroleira protesta contra a venda da Lubnor

Durante as mobilizações, que foram transmitidas em tempo real pela FUP em seu canal no YouTube, os trabalhadores denunciaram o arbitrário processo de privatização da Lubnor, aprovado pelo Cade

[Da imprensa da FUP]

Seguindo indicativo da FUP, as trabalhadoras e os trabalhadores do Sistema Petrobrás protestaram nesta terça-feira, 27, contra a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará. A categoria se solidariza com a greve dos petroleiros cearenses, que teve início às 07h e segue por tempo indeterminado.

Paralelamente à luta dos trabalhadores da Lubnor, houve atos e manifestações nas bases do Sindipetro AM (Reman), do Sindipetro PE/PI (Refinaria Abreu e Lima e Terminal de Suape), Sindipetro BA (Taquipe), Sindipetro ES (UTGC), Sindipetro MG (Regap), Sindipetro Caxias (Reduc), Sindipetro NF (Heliporto do Farol), Sindipetro Unificado (Recap), Sindipetro PR/SC (Six e Repar) e Sindipetro RS (Refap).

Durante as mobilizações, que foram transmitidas em tempo real pela FUP em seu canal no YouTube, os trabalhadores denunciaram o arbitrário processo de privatização da Lubnor, aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Leia também: Petroleiros do Ceará prometem lutar até o fim contra a privatização da Lubnor

A venda da Lubnor faz parte do desmonte da Petrobrás inensificado no governo Bolsonaro, após acordo com o Cade em 2019, quando a gestão da empresa assumiu o absurdo compromisso de se desfazer da metade da capacidade de refino, privatizando oito das treze refinarias. Além da Lubnor, o governo Bolsonaro privatizou a Rlam, na Bahia; a Reman, em Manaus, e a SIX, no Paraná. Todas as privatizações foram feitas com preços questionáveis, bem abaixo do mercado, conforme denunciado largamente pela FUP e seus sindicatos.

Leia também: Anapetro protocola ação no Cade contra concentração econômica na venda da Lubnor

Mesmo com diversas pendências jurídicas a serem resolvidas, inclusive questões fundiárias com a prefeitura de Fortaleza – que questionou a venda na ocasião -, a Lubnor foi vendida para o grupo Grepar Participações Ltda em maio de 2022. A refinaria, que foi comprada por US$ 34 milhões – 55% abaixo da estimativa de valor de mercado -, está localizada em um terreno de 400 quilômetros quadrados, sendo que 30% do espaço pertence ao município.

“A Lubnor é responsável por entregar às distribuidoras locais óleo diesel, gasolina, querosene de aviação e GLP provenientes de outras refinarias, terminais, transportados até Fortaleza por navios, em operações de cabotagem ou, eventualmente, importação. A venda da Lubnor pode acarretar desabastecimento desses navios, impactando negativamente exportações e importações”, alerta Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

 

O presidente do Sindipetro-CE/PI, Fernandes Neto, reforça o alerta e chama a atenção para riscos de da criação de um monopólio privado na região, além do impacto negativo, econômico e social, que o estado do Ceará amargará com a privatização aa Lubnor. “Uma empresa privada não tem o compromisso com o abastecimento do mercado interno. Se for mais lucrativo, eles podem preferir exportar. A Petrobrás tem como prioridade o abastecimento do mercado interno”, explica Neto.

A Lubnor conta com mais de 500 trabalhadores e é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país, além de produzir lubrificantes naftênicos – produto para usos nobres, como isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos. A refinaria também é responsável por abastecer todos os estados do Nordeste, além de fornecer derivados para os estados do Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.

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Influenciadores defendem integração das redes de esquerda em Encontro inédito realizado pelo Sindipetro ES

 

Foto: Sindipetro ES/Pulso
 
 

O evento reuniu 26 especialistas em comunicação e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais. Cerca de 150 pessoas participaram dos debates e das oficinas

[Por Alessandra Murteira, da imprensa da FUP]

Com a provocativa temática “Redes, Riscos e Ruas: A nova (des)ordem da informação”, o Sindipetro ES e a agência de comunicação Pulso Conteúdo reuniram nos dias 22 e 23 de junho, em Vitória, um elenco de 26 especialistas em comunicação, influenciadores e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais. O objetivo foi trocar experiências e debater novas estratégias de ocupação das redes, como tática fundamental no processo de mobilização da classe trabalhadora.

Dirigentes e jornalistas da FUP, do Sindipetro PR e SC e do Sindipetro PE e PB estiveram presentes, junto com outros 150 comunicadores e ativistas digitais que participaram dos dois dias do evento. “Esse encontro é uma sementinha que estamos plantando e queremos que se espalhe por todo o país, envolvendo mais e mais sindicatos”, afirmou o coordenador do Sindipetro ES, Nísio Hoffmann.

Além de discutir a batalha das ideias na internet e a construção de um ecossistema do campo da esquerda nas redes, o Encontro de Ativistas Digitais debateu a necessidade de regulação das plataformas, o fortalecimento das comunidades e redes de afeto, coletivos alternativos de comunicação, o marketing de influência como catalisador de uma rede de produtores de conteúdo progressistas e a necessidade de organização e mobilização para além das redes sociais.

“Nenhum outro evento no Brasil reuniu tantos produtores de conteúdo, intelectuais, ativistas e comunicadores para falar sobre comunicação, redes e atuação política. O que fizemos foi muito importante e especial. Espero, realmente, que esse tenha sido apenas um primeiro passo. Que venham outros, maiores e melhores”, destacou Lui Machado, estrategista de mídia da Pulso.

Durante o evento, foram realizadas sete oficinas com comunicadores, produtores de conteúdo e ciberativistas do campo da esquerda que compartilharam informações e dicas sobre produção de podcasts, mobilização popular nas redes, como criar audiência no TikTok e no Instagram, produção de storytelling para alavancar conteúdos, estratégia de anúncios para aumentar o engajamento e alcance nas redes, marketing de influência e utilização de dados nas plataformas.

Foto: Sindipetro ES/Pulso

As oficinas foram ministradas por comunicadores com vasta experiência e engajamento nas redes, como Laura Sabino, Humberto Matos (Coletivo Soberana), Cristiano Botafogo (Medo e Delírio em Brasília), Dimitra Vulcana, Carolline Sardá, Josué Alves, Henrique Parra (Boca de Lobo), entre outros.

Regular as plataformas

O painel que abriu o Encontro na última quinta (22/06) discutiu os desafios táticos e políticos da comunicação de rede para o campo progressista. Marina Pita, coordenadora-geral de liberdade de expressão e combate à desinformação da Secretaria de Políticas Digitais do Governo Federal, alertou para os riscos da falta de regulamentação da comunicação digital no Brasil, principalmente em uma conjuntura permeada por ataques à democracia e avanço do analfabetismo funcional e dos “desertos de notícias”, regiões onde não há veículos de comunicação para informar a população local.  Ela destacou que, enquanto vários países estão criando mecanismos regulatórios para as redes sociais, no Brasil isso ainda é muito difícil, vide a campanha que as grandes corporações que controlam as plataformas fizeram para impedir a votação do Projeto de Lei 2.630/2020.

Também conhecido como “PL das Fake News”, o projeto propõe diretrizes para a Lei Brasileira de Liberdade na Internet, Responsabilidade e Transparência Digital e, por conta de seu caráter regulatório, tem sofrido ataques das chamadas “big techs” que controlam a internet no Brasil: Alphabet (Google e Youtube), Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter, Byte Dance (TikTok) e Telegram.

Dever de cuidado

“Hoje, as plataformas digitais não podem ser responsabilizadas judicialmente pelo conteúdo que terceiros produzem e isso está sendo questionado pelo governo federal. Queremos que a regulação estabeleça o dever de cuidado sistêmico”, afirmou Marina, ressaltando a urgência de ações de prevenção à desinformação, de prestação de contas e de proteção ao usuário, através da criação de um órgão de supervisão e governança das plataformas, além da necessidade de regulação da publicidade na internet.

A advogada Flávia Lefèvre, especialista em direitos digitais, lembrou que, há pelo menos 20 anos, a direita se utiliza da internet para turbinar suas ações políticas e antidemocráticas no mundo. Ela enfatizou que a desinformação e o discurso de ódio não dependem só da regulação das plataformas digitais, pois a direita conta também com o apoio da mídia tradicional para reverberar pautas de interesse comum.

É o caso, por exemplo, da CPI que tenta criminalizar o MST. “Não dá para jogar todas as expectativas na lei”, afirmou Lefèvre, que defende o PL 2.630, porém cobra melhorias no texto. “O poder oligopolista das plataformas precisa ser debatido e questionado, mas não podemos perder de vista que é no campo digital que o debate público tem avançado no contraponto às pautas da extrema direita”, alertou.

Fortalecer os afetos

O historiador e youtuber Rodrigo Kenji, explicou que quando criou há cinco anos o canal Normose, quis levar a sua experiência de sala de aula para o streaming, com o objetivo de combater, da forma mais didática possível, a desinformação. Ele foi então percebendo que, além do conteúdo, “era preciso olhar para os afetos e a atenção”, pois na internet “tudo funciona dentro do medo, da paranoia, da insegurança”.

Kenji destacou que para enfrentar esse desafio de comunicação é preciso falar de afetos, lembrando que o medo e a paranoia são instrumentalizados pela extrema direita como afetos que geram imobilização. “A esquerda fica paralisada no contraponto à desinformação e não age, nem mobiliza as agendas de transformações”, ressaltou.

Redes alternativas

Para ele, a disputa por corações e mentes nas redes deve ser feita de forma organizada e coletiva, como aconteceu durante a cobertura da CPI da Covid. “Atuamos como uma comunidade e isso fortaleceu os afetos”, o que fez com que as pessoas se reconhecessem na mesma luta e saíssem da passividade. “Não adianta um ou dois youtubers criarem conteúdos isolados. É dentro dos coletivos organizados que está a saída. Precisamos investir em comunidades de comunicadores, com uma ação coletiva nas redes”, afirmou.

Na parte da tarde, o Encontro de Comunicadores e Ativistas Digitais do Espírito Santo aprofundou o debate sobre a construção de redes alternativas de comunicação, com uma mesa dedicada ao tema. O jornalista Fausto Salvatori, criador da Ponte Jornalismo, a comunicadora Dríade Aguiar, fundadora do Mídia Ninja, e Thainã de Medeiros, do coletivo de comunicação popular Papo Reto, do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, falaram sobre suas trajetórias e trocaram experiências com o público. ​

Galo: “A internet é a nova rua”

O segundo dia do evento (23/06) reuniu na mesa da manhã Paulo Galo, líder do Movimento dos Entregadores Antifascistas, o historiador João Carvalho, youtuber do canal Assim disse João, o coordenador de comunicação do MST, Wesley Lima, e a deputada estadual Camila Valadão (PSPL/ES). Galo falou sobre a importância do jaleco laranja como identidade visual dos trabalhadores petroleiros e como isso dá pertencimento à categoria e aos aliados na luta em defesa da Petrobrás. Ele comentou sobre a necessidade dos entregadores terem também uma identidade coletiva, de modo que possam se enxergar como classe trabalhadora e não empreendedores. “A internet é a nova rua, a greve não tem condições de parar a esteira, mas pode gerar uma imagem nas redes que faça o capitalista estremecer”, afirmou.

João Carvalho chamou atenção para a necessidade de resgate da sociabilidade do ser humano, que atualmente se torna cada vez mais atomista e individualizante. “Nosso desafio é retomar a sociabilidade de todos para todos, a internet é uma Ágora que precisa ser tomada e subvertida. A ideologia e a alienação trabalham juntas e o sujeito alienado se vê sozinho. Isso que temos que conter e o desafio da internet é isso. Somos influencers para abrir caminho para a construção de uma teia que organize a massa dos trabalhadores, pois quando nos organizamos, nos tornamos perigosos”, afirmou.

Pelo povo, com o povo e para o povo

O coordenador de comunicação do MST falou sobre a importância da massa de trabalhadores ser protagonista dos processos de comunicação, com criatividade e o exercício constante de olhar para a atualidade, mas também de resgatar os saberes populares. “Uma comunicação que seja construída pelo povo, com o povo e para o povo e que atue em três dimensões que não podem ser dissociadas: o anticapitalismo, o antipatriarcado e o antirracismo”, afirmou Wesley.

A deputada Camila Valadão destacou a luta de seu mandato por realizar uma comunicação coletiva, onde as redes sejam entendidas para além do reforço das personalidades. “Estamos fazendo na prática uma disputa sobre concepção da comunicação nas redes, buscando sempre a construção coletiva, pensando nossa linguagem e nossas imagens como símbolos que evocam e convocam”, explicou.

Estourar ou fazer a bolha crescer?

O quarto e último painel de debate do encontro “Redes, Riscos e Ruas – A nova (des)ordem da informação” discutiu o marketing de Influência a partir da criação de uma rede de produtores de esquerda, usando como estudo de caso o projeto Arrastão Digital que a Agência Pulso realizou para o Sindipetro ES.  Para falar sobre o tema, foram convidadas a diretora de Conteúdo da Agência NMA, Maristela Vasconcelos, a consultora e pesquisadora de mídia digital e de escuta social, Mariana Antoun, e o estrategista de Mídia da Pulso, Lui Machado. ​

Especialista em gestão de imagem e reputação online, Mariana Antoun pautou sua fala em como fazer o ecossistema das redes ser ocupado de forma justa pelos comunicadores e dominar o uso das plataformas de forma estratégica, buscando “hackear os algoritmos”. “É preciso saber se é mais importante fazer a bolha crescer ou estourar a bolha. É legal quando a bolha estoura, mas é muito mais bacana quando a bolha cresce, foi o que aconteceu com o Arrastão Digital dos petroleiros”, destacou.

Com vasta experiência em marketing de influência, Maristela Vasconcelos lembrou que para trabalhar com as plataformas digitais tem que saber que não pode ser só emissor da comunicação. “Há bolhas e bolsões onde podemos construir comunidades e alcançar as pessoas, criar sentimentos de pertencimento”, explicou.

Influenciadores decodificaram o PPI

Lui Machado lembrou que o Arrastão Digital surgiu de uma situação bem difícil para os petroleiros, em um contexto político onde a categoria estava sendo atropelada pelo desmonte do governo Bolsonaro e pelas privatizações da Petrobrás. “Os conteúdos sobre a empresa que eram mais compartilhados nas redes eram todos defendendo a privatização”, lembrou.

 

Ele explicou que o Arrastão surgiu em abril de 2022, quando um dos ativos da Petrobrás no Espírito Santo, o Polo Golfinho, foi vendido pelo valor equivalente a três meses de produção.  “Era preciso denunciar esse desmonte de forma que chegasse nas pessoas, pois a população, de uma forma geral, não sabe a importância da Petrobras e, após os ataques que a Lava Jato fez na imagem da empresa, ficou ainda mais difícil defende a necessidade da manutenção do controle do Estado sobre ela”, comentou. “O PPI foi uma forma de fazer chegar esse debate na população”, explicou Lui, referindo-se à campanha contra o preço de paridade de importação, que fez os combustíveis dispararem.

32 milhões de usuários alcançados

A campanha trabalhou em parceria com 14 perfis do campo da esquerda com influência e engajamento nas redes sociais e plataformas, como YouTube e TikTok. “Conseguimos colocar o PPI no debate público, fazendo com que esse assunto chegasse com mais facilidade nos nossos, porque a esquerda não sabia como debater isso”, contou. “O resultado foi muito importante e conseguimos vincular o aumento dos combustíveis ao governo Bolsonaro, mesmo quando ele tentava mudar a narrativa, como, por exemplo, culpar os presidentes da Petrobrás”.

O Arrastão Digital promovido pelo Sindipetro ES contou com apoio de outros sindicatos petroleiros e chegou a ter 32 milhões de usuários alcançados. “Através dele, conseguimos capacitar nossa militância para discutir o PPI com o taxista, o motorista do Uber, os vizinhos, enfim, foi um debate fundamental, principalmente durante as eleições”, afirmou o estrategista da Pulso.

Foto: Sindipetro ES/Pulso
 
 

O evento reuniu 26 especialistas em comunicação e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais. Cerca de 150 pessoas participaram dos debates e das oficinas

[Por Alessandra Murteira, da imprensa da FUP]

Com a provocativa temática “Redes, Riscos e Ruas: A nova (des)ordem da informação”, o Sindipetro ES e a agência de comunicação Pulso Conteúdo reuniram nos dias 22 e 23 de junho, em Vitória, um elenco de 26 especialistas em comunicação, influenciadores e produtores de conteúdo do campo da esquerda, de diferentes plataformas digitais. O objetivo foi trocar experiências e debater novas estratégias de ocupação das redes, como tática fundamental no processo de mobilização da classe trabalhadora.

Dirigentes e jornalistas da FUP, do Sindipetro PR e SC e do Sindipetro PE e PB estiveram presentes, junto com outros 150 comunicadores e ativistas digitais que participaram dos dois dias do evento. “Esse encontro é uma sementinha que estamos plantando e queremos que se espalhe por todo o país, envolvendo mais e mais sindicatos”, afirmou o coordenador do Sindipetro ES, Nísio Hoffmann.

Além de discutir a batalha das ideias na internet e a construção de um ecossistema do campo da esquerda nas redes, o Encontro de Ativistas Digitais debateu a necessidade de regulação das plataformas, o fortalecimento das comunidades e redes de afeto, coletivos alternativos de comunicação, o marketing de influência como catalisador de uma rede de produtores de conteúdo progressistas e a necessidade de organização e mobilização para além das redes sociais.

“Nenhum outro evento no Brasil reuniu tantos produtores de conteúdo, intelectuais, ativistas e comunicadores para falar sobre comunicação, redes e atuação política. O que fizemos foi muito importante e especial. Espero, realmente, que esse tenha sido apenas um primeiro passo. Que venham outros, maiores e melhores”, destacou Lui Machado, estrategista de mídia da Pulso.

Durante o evento, foram realizadas sete oficinas com comunicadores, produtores de conteúdo e ciberativistas do campo da esquerda que compartilharam informações e dicas sobre produção de podcasts, mobilização popular nas redes, como criar audiência no TikTok e no Instagram, produção de storytelling para alavancar conteúdos, estratégia de anúncios para aumentar o engajamento e alcance nas redes, marketing de influência e utilização de dados nas plataformas.

Foto: Sindipetro ES/Pulso

As oficinas foram ministradas por comunicadores com vasta experiência e engajamento nas redes, como Laura Sabino, Humberto Matos (Coletivo Soberana), Cristiano Botafogo (Medo e Delírio em Brasília), Dimitra Vulcana, Carolline Sardá, Josué Alves, Henrique Parra (Boca de Lobo), entre outros.

Regular as plataformas

O painel que abriu o Encontro na última quinta (22/06) discutiu os desafios táticos e políticos da comunicação de rede para o campo progressista. Marina Pita, coordenadora-geral de liberdade de expressão e combate à desinformação da Secretaria de Políticas Digitais do Governo Federal, alertou para os riscos da falta de regulamentação da comunicação digital no Brasil, principalmente em uma conjuntura permeada por ataques à democracia e avanço do analfabetismo funcional e dos “desertos de notícias”, regiões onde não há veículos de comunicação para informar a população local.  Ela destacou que, enquanto vários países estão criando mecanismos regulatórios para as redes sociais, no Brasil isso ainda é muito difícil, vide a campanha que as grandes corporações que controlam as plataformas fizeram para impedir a votação do Projeto de Lei 2.630/2020.

Também conhecido como “PL das Fake News”, o projeto propõe diretrizes para a Lei Brasileira de Liberdade na Internet, Responsabilidade e Transparência Digital e, por conta de seu caráter regulatório, tem sofrido ataques das chamadas “big techs” que controlam a internet no Brasil: Alphabet (Google e Youtube), Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter, Byte Dance (TikTok) e Telegram.

Dever de cuidado

“Hoje, as plataformas digitais não podem ser responsabilizadas judicialmente pelo conteúdo que terceiros produzem e isso está sendo questionado pelo governo federal. Queremos que a regulação estabeleça o dever de cuidado sistêmico”, afirmou Marina, ressaltando a urgência de ações de prevenção à desinformação, de prestação de contas e de proteção ao usuário, através da criação de um órgão de supervisão e governança das plataformas, além da necessidade de regulação da publicidade na internet.

A advogada Flávia Lefèvre, especialista em direitos digitais, lembrou que, há pelo menos 20 anos, a direita se utiliza da internet para turbinar suas ações políticas e antidemocráticas no mundo. Ela enfatizou que a desinformação e o discurso de ódio não dependem só da regulação das plataformas digitais, pois a direita conta também com o apoio da mídia tradicional para reverberar pautas de interesse comum.

É o caso, por exemplo, da CPI que tenta criminalizar o MST. “Não dá para jogar todas as expectativas na lei”, afirmou Lefèvre, que defende o PL 2.630, porém cobra melhorias no texto. “O poder oligopolista das plataformas precisa ser debatido e questionado, mas não podemos perder de vista que é no campo digital que o debate público tem avançado no contraponto às pautas da extrema direita”, alertou.

Fortalecer os afetos

O historiador e youtuber Rodrigo Kenji, explicou que quando criou há cinco anos o canal Normose, quis levar a sua experiência de sala de aula para o streaming, com o objetivo de combater, da forma mais didática possível, a desinformação. Ele foi então percebendo que, além do conteúdo, “era preciso olhar para os afetos e a atenção”, pois na internet “tudo funciona dentro do medo, da paranoia, da insegurança”.

Kenji destacou que para enfrentar esse desafio de comunicação é preciso falar de afetos, lembrando que o medo e a paranoia são instrumentalizados pela extrema direita como afetos que geram imobilização. “A esquerda fica paralisada no contraponto à desinformação e não age, nem mobiliza as agendas de transformações”, ressaltou.

Redes alternativas

Para ele, a disputa por corações e mentes nas redes deve ser feita de forma organizada e coletiva, como aconteceu durante a cobertura da CPI da Covid. “Atuamos como uma comunidade e isso fortaleceu os afetos”, o que fez com que as pessoas se reconhecessem na mesma luta e saíssem da passividade. “Não adianta um ou dois youtubers criarem conteúdos isolados. É dentro dos coletivos organizados que está a saída. Precisamos investir em comunidades de comunicadores, com uma ação coletiva nas redes”, afirmou.

Na parte da tarde, o Encontro de Comunicadores e Ativistas Digitais do Espírito Santo aprofundou o debate sobre a construção de redes alternativas de comunicação, com uma mesa dedicada ao tema. O jornalista Fausto Salvatori, criador da Ponte Jornalismo, a comunicadora Dríade Aguiar, fundadora do Mídia Ninja, e Thainã de Medeiros, do coletivo de comunicação popular Papo Reto, do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, falaram sobre suas trajetórias e trocaram experiências com o público. ​

Galo: “A internet é a nova rua”

O segundo dia do evento (23/06) reuniu na mesa da manhã Paulo Galo, líder do Movimento dos Entregadores Antifascistas, o historiador João Carvalho, youtuber do canal Assim disse João, o coordenador de comunicação do MST, Wesley Lima, e a deputada estadual Camila Valadão (PSPL/ES). Galo falou sobre a importância do jaleco laranja como identidade visual dos trabalhadores petroleiros e como isso dá pertencimento à categoria e aos aliados na luta em defesa da Petrobrás. Ele comentou sobre a necessidade dos entregadores terem também uma identidade coletiva, de modo que possam se enxergar como classe trabalhadora e não empreendedores. “A internet é a nova rua, a greve não tem condições de parar a esteira, mas pode gerar uma imagem nas redes que faça o capitalista estremecer”, afirmou.

João Carvalho chamou atenção para a necessidade de resgate da sociabilidade do ser humano, que atualmente se torna cada vez mais atomista e individualizante. “Nosso desafio é retomar a sociabilidade de todos para todos, a internet é uma Ágora que precisa ser tomada e subvertida. A ideologia e a alienação trabalham juntas e o sujeito alienado se vê sozinho. Isso que temos que conter e o desafio da internet é isso. Somos influencers para abrir caminho para a construção de uma teia que organize a massa dos trabalhadores, pois quando nos organizamos, nos tornamos perigosos”, afirmou.

Pelo povo, com o povo e para o povo

O coordenador de comunicação do MST falou sobre a importância da massa de trabalhadores ser protagonista dos processos de comunicação, com criatividade e o exercício constante de olhar para a atualidade, mas também de resgatar os saberes populares. “Uma comunicação que seja construída pelo povo, com o povo e para o povo e que atue em três dimensões que não podem ser dissociadas: o anticapitalismo, o antipatriarcado e o antirracismo”, afirmou Wesley.

A deputada Camila Valadão destacou a luta de seu mandato por realizar uma comunicação coletiva, onde as redes sejam entendidas para além do reforço das personalidades. “Estamos fazendo na prática uma disputa sobre concepção da comunicação nas redes, buscando sempre a construção coletiva, pensando nossa linguagem e nossas imagens como símbolos que evocam e convocam”, explicou.

Estourar ou fazer a bolha crescer?

O quarto e último painel de debate do encontro “Redes, Riscos e Ruas – A nova (des)ordem da informação” discutiu o marketing de Influência a partir da criação de uma rede de produtores de esquerda, usando como estudo de caso o projeto Arrastão Digital que a Agência Pulso realizou para o Sindipetro ES.  Para falar sobre o tema, foram convidadas a diretora de Conteúdo da Agência NMA, Maristela Vasconcelos, a consultora e pesquisadora de mídia digital e de escuta social, Mariana Antoun, e o estrategista de Mídia da Pulso, Lui Machado. ​

Especialista em gestão de imagem e reputação online, Mariana Antoun pautou sua fala em como fazer o ecossistema das redes ser ocupado de forma justa pelos comunicadores e dominar o uso das plataformas de forma estratégica, buscando “hackear os algoritmos”. “É preciso saber se é mais importante fazer a bolha crescer ou estourar a bolha. É legal quando a bolha estoura, mas é muito mais bacana quando a bolha cresce, foi o que aconteceu com o Arrastão Digital dos petroleiros”, destacou.

Com vasta experiência em marketing de influência, Maristela Vasconcelos lembrou que para trabalhar com as plataformas digitais tem que saber que não pode ser só emissor da comunicação. “Há bolhas e bolsões onde podemos construir comunidades e alcançar as pessoas, criar sentimentos de pertencimento”, explicou.

Influenciadores decodificaram o PPI

Lui Machado lembrou que o Arrastão Digital surgiu de uma situação bem difícil para os petroleiros, em um contexto político onde a categoria estava sendo atropelada pelo desmonte do governo Bolsonaro e pelas privatizações da Petrobrás. “Os conteúdos sobre a empresa que eram mais compartilhados nas redes eram todos defendendo a privatização”, lembrou.

 

Ele explicou que o Arrastão surgiu em abril de 2022, quando um dos ativos da Petrobrás no Espírito Santo, o Polo Golfinho, foi vendido pelo valor equivalente a três meses de produção.  “Era preciso denunciar esse desmonte de forma que chegasse nas pessoas, pois a população, de uma forma geral, não sabe a importância da Petrobras e, após os ataques que a Lava Jato fez na imagem da empresa, ficou ainda mais difícil defende a necessidade da manutenção do controle do Estado sobre ela”, comentou. “O PPI foi uma forma de fazer chegar esse debate na população”, explicou Lui, referindo-se à campanha contra o preço de paridade de importação, que fez os combustíveis dispararem.

32 milhões de usuários alcançados

A campanha trabalhou em parceria com 14 perfis do campo da esquerda com influência e engajamento nas redes sociais e plataformas, como YouTube e TikTok. “Conseguimos colocar o PPI no debate público, fazendo com que esse assunto chegasse com mais facilidade nos nossos, porque a esquerda não sabia como debater isso”, contou. “O resultado foi muito importante e conseguimos vincular o aumento dos combustíveis ao governo Bolsonaro, mesmo quando ele tentava mudar a narrativa, como, por exemplo, culpar os presidentes da Petrobrás”.

O Arrastão Digital promovido pelo Sindipetro ES contou com apoio de outros sindicatos petroleiros e chegou a ter 32 milhões de usuários alcançados. “Através dele, conseguimos capacitar nossa militância para discutir o PPI com o taxista, o motorista do Uber, os vizinhos, enfim, foi um debate fundamental, principalmente durante as eleições”, afirmou o estrategista da Pulso.

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