Sindipetro AM

"NASCE UM SINDIPETRO DE LUTA E UNIÃO"

A história do Sindipetro-AM se mistura com os acontecimentos e fatos históricos da Petrobrás e da Refinaria de Manaus, a única refinaria da região norte. A refinaria foi inaugurada em 3 de janeiro de 1957,com o nome Companhia de Petróleo da Amazônica (Copam) com objetivo de alavancar a economia do Amazonas, e o Sindicato dos Trabalhadores do Amazonas (Sindipetro-AM) foi criado em 1961 com objetivo de defender os trabalhadores da refinaria.

Cinco anos após a instalação da Copam, cerca de 300 trabalhadores da empresa assinaram fichas de propostas para sócio da Associação Profissional dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refinação de Petróleo de Manaus, que mais tarde tornaria-se Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM). Reconhecido em 1962 pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a associação então iniciou uma história de luta em defesa dos petroleiros do Amazonas.

Fatos históricos como Ditadura Militar, estatização da refinaria, a compra da atual sede, a descoberta do Polo de Urucu, as greves históricas como a de 1995 e 2020 e o desmonte da Refinaria de Manaus, são ressaltados pela categoria como feitos históricos e atuação sindical.

Ousar lutar. Ousar Vencer. Hoje e sempre. 

A frase de autoria de Che Guevara está presente nos boletins, sites e discursos do Sindipetro-AM. E pode ser usada para definir histórias sobre mobilizações e estratégias da categoria petroleira em defesa dos trabalhadores e da Petrobrás. Apesar de representar a trajetória do sindicato, o início de sua utilização não tem uma data fixa e alguém certo que tenha feito a escolha da utilização. 

COPAM, INTERVENÇÃO MILITAR E ESTATIZAÇÃO

Durante a primeira coordenação, com o então presidente, Raimundo Jacinto, a instituição funcionava em uma pequena sala na Casa dos Trabalhadores, até a mobilização da categoria para a compra da sede própria. Jacinto também enfrentou a Ditadura Militar e junto a mais 22 diretores foram restituídos pelos militares, quando o Sindipetro-AM, em maio de 1964. 

A restituição foi destacada como “para que este sindicato, fugindo às suas mais precípuas e urgentes finalidades de amparo, assistência e defesa de seus associados, se envolvesse em atividades marcadamente hostis ao Regime Democratico”.

Durante esse período, houve também a estatização da refinaria. A Copam passou a incorporar o Sistema Petrobrás, em 1974 e para iniciar a mão de obra, a empresa contratou uma companhia dos Estados Unidos para aprenderem o funcionamento das máquinas e gestão de empresas. Os aprendizados foram úteis anos depois, quando a refinaria foi incorporada ao Sistema Petrobras, em 1974. 

O então presidente do sindicato, Divaldo Martins, que esteve frente a direção entre os anos de 1972 e 1975, vivenciou a transição de uma empresa privada para ser estatal, destaca as transições para os trabalhadores e atuação do sindipetro. 

“No início, a mão de obra da refinaria vinha dos Estados Unidos e nós éramos obrigados a falar em inglês, as apostilas e tudo era em inglês, posteriormente foi traduzido no ICBEU (Instituto Cultural Brasil Estados Unidos. Mas existe algo que quero ressaltar: a beleza, a capacidade criativa e a inteligência do trabalhador amazonense. Teve uma época que os americanos falavam “pode deixar a refinaria toda na mão dos trabalhadores que eles vão cuidar. E muito bem!”. 

Com o funcionamento da refinaria garantido pelos trabalhadores, a preocupação trabalhista foi questionada e o sindicato foi o principal responsável pela negociação de carga horária e a primeira tabela de turno da categoria. 

“Enquanto Copam brigamos com o empregador privado para ter uma jornada de 6h e a Petrobrás chegou nos impondo 8h. Essa foi uma grande discussão, mas vi que era irreversível, então fomos buscar uma compensação financeira. A categoria aceitou ficar 8h, igual todas as refinarias no Brasil, mas tivemos uma compensação salarial. E não apenas de 25%, mas de 32,5%. Então isso foi um negócio muito bom para a turma. Foi uma das nossas principais conquista”, destaca Divaldo. 

Com carga horária definida e compensação salarial, o Sindipetro ainda enfrentava a Ditadura Militar. Durante esse período, os documentos do Sindipetro-AM foram eliminados, de acordo com relatos dos associados mais antigos do sindicato, os “documentos, registros, contas e tudo que havia na nossa sala foram jogados no rio (Rio Negro que banha Manaus).

Com o sindicalismo fortemente combatido, a categoria petroleira precisou repensar o caminho de fazer a luta sindical e o trabalho em defesa do trabalhador. Divaldo Martins destaca que a categoria era constantemente questionada pelas atuações sindicais. 

“Era um momento proibido para pensar e tudo que você pensava de melhor para a categoria, eles achavam que estavam tramando contra o regime. As nossas assembléias eram realizadas em sala na Casa do Trabalhador porque não tínhamos sede e em algumas dessas reuniões, percebemos pessoas que não eram nossos sindicalizados, mas sim informantes infiltrados. Eu poderia reagir e questionar o que eles faziam ali, mas as retaliações seriam mais fortes. Então, usava a tática de mandar recados para os agentes dizendo que estávamos ali em busca de melhores condições de trabalho, melhor remuneração, condições salubres e mais humanas, que nosso sindicalismo era de resultados e não tínhamos plano de retomar nada. Até tínhamos um plano de resistência, mas com essa mensagem eles nos deixavam em paz. Apesar de querer que o poder caísse, a gente nem podia imaginar falar isso”, relembra. 

Após Divaldo Martins, o Sindicato foi liderado por Nelson Teixeira, conhecido popularmente e sindicalmente como “Teixeira de Paris (Paristins)”, em referência ao artista Teixeira de Manaus e a sua cidade Parintins. Teixeira foi um dos primeiros associados, conhecendo assim muito da história do sindicato, quando passou pela coordenação e participou da decisão da compra da atual sede do sindicato, no Centro Histórico de Manaus. 

“Eu tava andando pelo Centro e vi uma casa velha, caindo aos pedaços. Não tinha nada que pudesse interessar a categoria, mas estava à venda. Então, eu não poderia deixar passar. Falei para o Ivan e a direção toda e assim a gente conseguiu a sede própria. Uma grande vitória, com certeza”, relembra Teixeira. 

A atual sede do Sindipetro-AM, localizada na Rua Bernardo Ramos, Centro Histórico de Manaus, foi adquirida na década de 80 sob direção do coordenador-geral Ivan Lima. No Boletim Informativo número 14, do dia 04 de julho de 88, a categoria petroleira comemorava o feito histórico.

“Após longos anos de luta conseguimos comprar a nossa sede própria, entretanto precisamos quitar a última prestação, e para isso foi aprovado na Assembléia do dia 30.06.88 a antecipação da parcela de setembro para julho. Contamos com a colaboração de todos os companheiros.”

“O objetivo era que as pessoas soubessem que nós éramos vivos e não elementos para sermos olhados dentro da escola ou buscando estudos”, destaca Adaulto.

Na década de 80, o Sindipetro-AM passou a ter maior mobilização sindical, de mobilização, greves e trabalho de base. O petróleo de Urucu já era pauta da categoria, a modernização da refinaria passou a ser fortemente exigida e a movimentação para criação de uma federação da categoria começava a ser debatida. Após longos períodos de repressão, o sindicalismo estava com força.

“Em 64 não nos deram chance. Em 70, o movimento sindical começa a ressurgir. Em seguida, passamos a ser protagonistas, principalmente na década de 80. Passamos a ter uma movimentação ampla a nível nacional. Essencialmente, o trabalhador passou a ter consciência dentro do contexto da sociedade e não como um simples produtor de algo, como em nosso caso, como um simples operador. Uma consciência que o trabalhador é um ser humano e seu dinheiro movimenta a sociedade e toda a economia. Aqui em Manaus, fomos para a luta e estivemos juntos com os demais sindicatos como participação ativa na luta política, a qual não fugimos”, reforça Adulto sobre a forte luta sindical.

Prova da mobilização constante da categoria foi a greve de 88, iniciada em novembro nacionalmente. A greve protestava o resultado do julgamento do dissídio coletivo da categoria pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) durante o governo Sarney. Em Manaus, cerca de 500 petroleiros paralisam a atividade e a Reman funcionou com efetivo mínimo para garantir a operação.

Os jornais locais destacaram o início, o desdobramento e o final do movimento paredista da categoria. Ao deflagrar a greve, o jornal Diário do Amazonas publicou em 12 de novembro de 1988: “Petroleiros reagem e apelam para a greve”, o Jornal A Crítica publicou a manchete “Petroleiros aderem ao movimento paredista”. E um jornal local, com nome não identificado, publicou no dia 11 de novembro de 1988, a manchete: “Petroleiros de todo o Brasil decidiram parar” – a reportagem destacava que o início da greve seria unificada e que os “petroleiros não sabem qual é a estratégia que o governo usará contra eles” e com uma imagem de trabalhadores de refinaria, a legenda completava: “Os petroleiros decidiram parar e não temem ação do Exército”.

Em Manaus, três nomes representativos do Sindipetro-AM aparecem nas reportagens: Ivan Lima, Adauto Barros e Nelson Teixeira, tais como exercendo as funções de coordenador, secretário e tesoureiro do sindicato, respectivamente. O Jornal do Comércio destacou que os petroleiros grevistas estavam presentes à zero hora do dia 12 de novembro na Bola da Suframa “para impedir a passagem dos colegas de outros turnos, que eventualmente queiram entrar para trabalhar”.

O comunicado da Petrobrás publicado nos jornais, em que convocou os trabalhadores a irem trabalhar, falhou. Na Reman a adesão da greve foi grande: 90% do setor administrativo e 80% no trabalho de turno. Na época, o tesoureiro do sindicato, Nelson Teixeira destacou:

“A mobilização está sendo feita passivamente, ninguém é obrigado a aderir à greve, este número de adeptos participam por interesse próprio para garantir o aumento de seus salários. Os piquetes são uma forma de conscientização dos colegas que por vários motivos temem a adesão e insistem em ir trabalhar”.

Não foi fácil tirar o indicativo de “fim de greve”. A greve de 88 durou 10 dias e a categoria não obteve o reajuste salarial. Um dos jornais resumiu o fim da greve como: “A maioria dos 60 mil petroleiros dos 17 sindicatos existentes no país deve retornar hoje (21 de novembro de 1988) ao trabalho, mesmo não tendo conquistado o reajuste salarial de 26% para repor as perdas oriundas do Plano Bresser. Eles aceitaram os 15% oferecidos pelo Governo, depois de intensas negociações”.

Como símbolo da força da categoria, os debates para a criação da atual Federação Única dos Petroleiros, já estavam em andamento e o Sindipetro-AM estava unindo forças para que a FUP fosse criada.

“Na gestão do Ivan, já discutimos com os demais sindipetros a ideia de ter uma federação – sem peleguismos. Então, juntou uma turma e nos unimos para a criação da Federação Única dos Petroleiros, a FUP. Não posso negar a importância do Ivan nessa época, que era da turma “antiga” e muito escutado pela turma “jovem” e precisávamos ter essa federação. Em 87 começou a discussão de montar a FUP e foi consolidado em 90, que já era minha diretoria. Passamos a estar no mesmo lado para a formação da FUP. A FUP foi fundada por assembleia, passou a ter uma representação no Rio de Janeiro, mas teve a manutenção da FNAP, que tornou-se uma representação em Brasília”, destaca Adaulto.

A FNAP era uma representação nacional que reunia os sindipetros em lutas nacionais e começava a debater a criação da FUP. Segundo relatos de Adulto, foram escolhidos um representante do Sindipetro-CE, do Sindipetro-RS e eu do Sindipetro Manaus (como era chamado na época) para administrar a FNAP e fazer um trabalho conjunto que daria sequência até seu fechamento e assim existir somente a FUP.
 
Greves e questões políticas intensas também marcaram a década de 90. Em 1991, os petroleiros realizaram greve de 24 dias nos meses de fevereiro e março e exigiam da Petrobrás a reposição das perdas e reajuste salarial. O TST julgou a greve abusiva e os petroleiros adotaram o slogan “Cartão Vermelho para o TST”, como forma de desafiar o Tribunal.
 
A grande adesão ao movimento grevista, deu início a uma das maiores greves da categoria ocorreu em maio de 1995 – a Greve de 95 – que durou 32 dias com mais de 90% da categoria petroleira de braços cruzados.

Associação do Bico Seco

As greves anteriores resultaram em contracheques zerados para os grevistas e contas do sindicato bloqueada. Criada antes da greve de 95, a associação do Bico Seco foi uma alternativa decidida pela categoria em assembleia e garantiu a permanência da categoria na greve.

Inicialmente o Bico Seco não tinha a finalidade de arcar com as finanças do sindicato, porém uma das consequências da greve foi o bloqueio da conta do Sindipetro-AM que ficou sem arrecadação da categoria ativa, somente sendo sustentado pelos aposentados.

Resultado de muita unidade e muito estudo de classe para conviver, dialogar e irem à luta. A Associação do Bico seco foi resultado dessas mobilizações e tinha a finalidade de congregar somente os grevistas, “pelego não tinha vez”. A associação era formada por grupos e que denominavam a Bico Seco como radical e classista. Qualquer movimento da associação era definido em assembleia, quem furasse greve e fosse “pelego”, não tinha vez, era excluído da associação e o dinheiro da contribuição era devolvido.

Coordenador do Sindipetro-AM entre os anos de 1993 e 1995, Aldemir Caetano, explica que associação do Bico Seco foi retomada durante a greve para fazer repasse ao sindicato, com contas bloqueadas, e assim manter as atividades.

“Todo o dinheiro da contribuição associativa era bloqueado pelo TST para pagar multa que era de R$ 100 mil reais por dia de greve e fizemos 34 dias de greve. Era uma multa impagável e nos recusamos a pagar. E para burlar a situação, fizemos uma assembleia, propomos e foi aprovado a redução do valor da contribuição sindical, que passou de 3% para 0,0001% então era esse valor que era bloqueado e ia para o TST. Em paralelo, refundamos a Associação do Bico Seco com pagamento sem obrigatoriedade e tivemos 40% de adesão da categoria, mas que foi muito importante para a manutenção do Sindipetro-AM. Não demitimos nenhum funcionário, nossas atividades políticas foram mantidas justamente devido a associação e a contribuição dos aposentados”, explica Caetano.

O momento pós-greve de 95 não era muito favorável financeiramente para o Sindipetro-AM. Com a decisão de antecipar as eleições sindicais, o sindicato está sob nova direção e novos desafios, sendo um deles reorganizar o financeiro para dar continuidade às mobilizações da categoria. Com o desmonte, a categoria também enfrentou acidentes de trabalho e tornou a luta por segurança do trabalho uma das principais pautas de muitas greves.

“Quando fazíamos um levantamento de tudo que era preciso e pagar o final de cada mês, íamos na porta da refinaria no dia do pagamento e colocamos o capacete para colorem dinheiro. Cada companheiro quando passava colocava um dinheiro que ele podia pagar, já que a contribuição sindical estava reduzida quase nada para que o dinheiro não fosse bloqueado. Além disso, tínhamos a associação do Bico Seco”, conta Byll sobre a reestruturação do sindicato pós greve.

Vazamento no Igarapé do Cururu – Conhecido como o maior vazamento de óleo combustível no Amazonas, o acidente no Igarapé do Cururu ocorreu em 1999, provocado pelo rompimento de um duto submerso que ligava a Refinaria de Manaus e a Manaus Energia. Segundo reportagem da Agência Folha, 70 mil litros de óleo vazaram no rompimento de acordo com dados do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), causando prejuízos aos moradores da área que tinham o igarapé como importante fonte para alimentação. Na época, a Petrobrás foi multada em R$ 48 mil.
 
A Petrobras passava por processos de privatização e abandono das unidades, a segurança de trabalho e industrial estava precária. O então  coordenador do Sindipetro-AM, Wallace Byll, que ficou no cargo por 12 anos, destacou que o vazamento no Igarapé de Cururu norteou muitas diretrizes em relação à segurança do trabalho, exigidas pelo Sindipetro-Am junto à Petrobrás.

“Voltamos a ter acidentes e, infelizmente, mortes! Durante muito tempo tivemos um índice de acidentes muito alto. Morria petroleiro ninguém sabia onde, mas sabia que pelo menos um acidente ocorria no Sistema Petrobrás. Tivemos gravíssimos acidentes devido o abandono, cuidados com a integridade das pessoas, do meio ambiente de trabalho e o respeito a comunidade de onde a Petrobrás está instalada e garantir que não haja agressão ao meio ambiente, e portanto, possamos continuar produzindo sem causar danos às pessoas que vivem da indústria do petróleo” , destaca Byll.
Alfabetização de crianças e adultos, projetos de incentivo ao esporte e apoio a hansenianos estão entre alguns dos projetos sociais que receberam apoio financeiro do Sindipetro-AM, reforçando o papel social da categoria petroleira.

Um dos projetos apoiados pelo Sindipetro estava localizado no bairro Japiim para crianças e adolescentes, que em contrapartida ao receber ajuda do sindicato, as crianças tinham que estar estudando e bem na escola, resultou em incentivo à carreira do lutador, campeão mundial do UFC, Ronaldo Jacaré.

O período pós greve de 95, mostrou os resultados de muita mobilização da categoria. Para Wallace Byll, o pós greve de 95 e o início dos anos 2000 foram a chegada de novos tempos, em que a Petrobrás saiu da mira privatista e entrou em uma gestão estadista, com Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) sendo assinado no Amazonas, durante a inauguração do Polo de Urucu.

“Mudamos a Petrobrás. Começamos a ter um diálogo com as gerências regionais e passamos a ocupar os espaços de administração da Petrobrás. Passamos a ter aval das funções dentro da refinaria, graças ao entendimento de que a Petrobrás percebeu que era importante um diálogo e por permitirem que era necessário a  construção de um novo relacionamento. O então presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, veio até a Reman e iniciou um discurso dizendo: “companheiros e companheiras” – aquilo foi marcante porque era o presidente da Petrobrás, na menor refinaria do país, chamando os trabalhadores de companheiros – aquele que parte o pão. Nunca esperei que um presidente da Petrobrás chamasse a gente de companheiro, mas queríamos mais que isso. Queríamos a substituição de gerentes pelegos. E houve uma mudança estrutural com os sindicatos e com a FUP, foi resgatado um projeto de anistia de quem tinha sido punido na greve de 95 – graças ao Caetano que trabalhou muito nesta questão”.

Projetos sociais apoiados pelo Sindipetro-AM

O Gasoduto Urucu-Coari-Manaus é um gasoduto que conduz o gás natural em tubos interligados do Pólo Arara, em Urucu, à Refinaria de Manaus. O trajeto tem 663,2 quilômetros e é dividido em nove ramais. O Polo de Urucu foi construído pelos trabalhadores da Petrobrás – única empresa capaz de investir nesse projeto sem maiores impactos ambientais, que foi um marco para o Brasil e, principalmente, para o Amazonas – mesmo em meio a polêmicas ambientais.

Para a  inauguração, o então presidente Lula esteve no Amazonas, acompanhado do então presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli e também de Graça Foster, que viria a ser sua sucessora. Neste momento, a categoria petroleira estava em negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que precisava ser assinado. Foi então que ocorreu um marco para a categoria no Amazonas – ACT assinado – e no Amazonas.

Para Acácio Carneiro, petroleiro aposentado, filho de petroleiro e coordenador do Sindipetro-AM de 2007 até 2019, destaca as questões políticas nacionais como fatores que influenciam também a luta sindical, que nunca foi questionada no Sindipetro-AM.

“Quando cheguei na Petrobrás, já tinha a filiação do sindicato junto. Naquela época, você não questionava isso até porque era uma coisa importante, você ir trabalhar na Petrobrás era a realização de um sonho e entrar no Sindipetro-AM também era. Hoje em dia, o movimento sindical e a Petrobrás tem fortes ataques, principalmente politicamente. Não vamos deixar de lutar a favor da Reman”, destaca Carneiro.

"PETROBRÁS FICA NO AMAZONAS"

Após intensas campanhas para as eleições presidenciais em 2018 com o objetivo de privatizar a Petrobrás, o Sindipetro-AM iniciou em 2019 um cenário intenso de mobilização e resistência. Em 2019, a Petrobrás publicou o anúncio de venda da Refinaria de Manaus. Mobilizados pela mesma realidade, a categoria petroleira nacional iniciou uma das principais greves em fevereiro de 2020 contra a venda do Sistema Petrobrás. Em março, o Brasil iniciou a pandemia da Covid-19 no Brasil e agravou o cenário com a crise de oxigênio em Manaus em janeiro de 2021. A luta contra o governo negacionista e a gestão entreguista formavam uma conjuntura de muita resistência para a categoria que teve que se adaptar em novas formas de lutas. 

Em dezembro de 2022, a Refinaria foi privatizada. E o atual cenário da categoria petroleira, retorna à época em que a Copam tornou-se Refinaria Isaac Sabbá (Reman), da Petrobrás, e agora voltando a ser empresa privada, torna-se Refinaria da Amazônia (Ream). O Sindipetro-AM, atua constantemente em defesa dos trabalhadores do setor no Amazonas. 

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